quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pensamento Avulso II

...e assim se vai mais uma tarde desenlaçada, e eu aqui, sentado numa curvatura de uma praça desfalcada, mal cuidada (de fato, sem o patrocínio do governo, não haverá preservação), em frente à bizantina Igreja do Desterro. Há a gurizada batendo a bola (ou melhor, a pelada), totalmente desprovidas de preocupações, exceto a das ameaças de se furar a bola. Estar por chegar as horas, todas as possíveis horas: a do lanche, a da volta ao trabalho,mas principalmente a hora da mexericagem, onde as Donas sentam-se às portas, dialogam sobre quem vem e quem vai, quem fez e quem não fez, quem deu e quem deixou de dá. O canto da padaria se prende em prol dos grupinhos de conversa, do bate-papo jogado fora. Enquanto isso me sustenho no além daquela parede pintada de branco com algumas indiscretas pichações, na busca de alguma deixa do passado que enseje o encetar de algum poema. Ah, caro Nietzsche, se vivo fosse, talvez procuraria cicuta para o alívio de tuas outrora dores, pois sei que não iria aguentar a “boa” música que minha vizinha escuta todas as manhãs, começando bem cedinho, estuprando toda a sensibilidade. Assim me ponho acolá, por detrás da fome das crianças sem desjejum...

Um comentário:

  1. otimo, lendo esse poema deu pra relembrar toda a estrutura do desterro e a vivencia daquela comunidade,,,, muito legal,teu poema também me fez lembrar do livro que começei a ler josué montelo tambores do maranhão,,,,vc está de parabéns,,,,sucesso.ana

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